Colaboração Alexandre Cury
“Tenho convivido com faixas etárias extremas durante a pandemia do coronavÃrus. Tristemente concluindo que estes são mesmo os mais vulneráveis aos efeitos emocionais do isolamento forçado, das mudanças bruscas no estilo de vida. Stress ao limite assola também as crianças que estão sem escola, em casa 24 horas por dia, no limite do relacionamento com as pessoas mais amadas das famÃlias, como pais em home office. Olhinhos assustados, tarefas online que não suprem o aprendizado presencial e o relacionamento social saudável. Games nervosos são agravantes maiores e sempre muito perigosos. Como exigir mais ainda desses pequenos?â€
Queremos saber:
“Como salvar a saúde mental das nossas crianças?â€
Confira o que os nossos entrevistados responderam:
“Tenho dois filhos, um menino com 8 anos, que está no 3º ano e uma menina com 6 anos na alfabetização. As mudanças não foram fáceis no inÃcio. Da noite para o dia, a escola fechou, paramos de brincar na rua, sair para passear, ver nossa famÃlia e amigos, ter nossa rotina…O inÃcio das aulas on-line foi bem complexo, com desafios na adaptação, principalmente pela idade das crianças. Estudam no Colégio Jean Christophe e tanto a escola quanto os professores são parceiros e se esforçam para nos dar os recursos e apoio necessário, dentro de suas possibilidades, o que faz toda a diferença. Eu já acompanhava meus filhos nas atividades do dia a dia, nas tarefas escolares, nas brincadeiras, em todas as horas, o que nos facilitou muito a enfrentar o momento que estamos passando. Meu marido trabalha fora e só vem aos fins de semana para casa. Somos nós três a maior parte do tempo, temos uma relação bem Ãntima e isso nos ajuda a minimizar a angústia que a quarentena nos impôs. O maior sofrimento para nós, principalmente para as crianças, está sendo a ausência do meu marido que está trabalhando fora, sem voltar pra casa, junto com meu sogro que é do grupo de risco. Desde o começo inventamos formas de enfrentar juntos a ausência da famÃlia (principalmente do pai e da minha mãe que é muito presente) e amigos, da escola, da “nossa vidaâ€, assistindo filmes, jogando jogos de tabuleiro, fazendo trabalhos manuais, exercÃcios fÃsicos, ficando à toa, tendo a hora do Tablet, chamadas de vÃdeos com os amigos… E assim estamos vivendo um dia de cada vez, pois tudo está muito incerto. Aos poucos estamos reencontrando a famÃlia, brincando na rua, andando de bicicleta na porta da escola e isso os confortam bastante. Somos privilegiados por termos tantas oportunidades diante do sofrimento que o mundo está sofrendo, em especial nosso paÃs. Gostaria que todas as crianças tivessem as mesmas oportunidades.â€
“Estamos vivendo momentos difÃceis com a pandemia causada pelo novo coronavÃrus (COVID-19) e tudo isso tem trazido mudanças na vida cotidiana das crianças. Os pais precisam, mais do que nunca, estar atentos à s necessidades dos filhos, visto que neste momento eles se deparam com situações que geram sofrimento. A limitação de não poder ir e vir, não poder encontrar ou abraçar seus avós, não poder encontrar seus amigos, a adaptação ao novo modelo de escola, o medo de ser infectado ou de ter seus familiares infectados, são situações que poderão gerar estresse, desencadeando sintomas emocionais e comportamentais. Nesse momento todos se perguntam o que fazer. Acredito que o ideal é planejar o dia e mantê-lo o mais próximo possÃvel da rotina habitual, tendo em vista que, esse pode ser um fator protetivo contra o surgimento de sintomas relacionados à ansiedade e ao estresse. Ter um horário para acordar, fazer as refeições, estudar e dormir, assim como para realizar as demais atividades, contribui para a organização do dia e pode ser um aliado na promoção do bem-estar. Percebe-se que à medida que criança tem uma rede familiar que lhe dá suporte, uma rotina organizada com brincadeiras no dia a dia e a presença qualitativa dos pais, com espaço para abrir seu coração e falar dos seus sentimentos, o estresse se torna tolerável. Por fim, lembro que neste momento estamos todos nos reinventando e que as cobranças não devem se sobrepor à tolerância. Ninguém precisa ser herói, é hora de abrir mão do perfeccionismo e aceitar que não temos o controle de tudo. Caso contrário o momento acabará perturbando e gerando ainda mais ansiedade em todos.â€
“Vivemos um momento novo, jamais vivido pela grande maioria de nós médicos, pais, educadores ou terapeutas. A Pandemia do Covid -19, doença caudada pelo coronavÃrus SARS COV-2, atinge a todos, mas não igualmente. Um mesmo vÃrus capaz de agir de diferentes formas em cada organismo faz com que também nós profissionais da saúde repensemos as intervenções para com nossos pacientes. Um vÃrus que não somente explora nossas fraquezas biológicas, mas também as desigualdades sociais atingindo certamente os mais vulneráveis, com pouco acesso aos serviços de saúde, sem saneamento básico e vivendo em moradias precárias. Da mesma forma nesse momento, nosso paciente necessita de um novo olhar na abordagem psÃquica, por vezes em situações já preexistentes, alguns até em tratamento. A pandemia provocou uma quebra em nosso cotidiano, desde pequenas a grandes mudanças em nossas rotinas, que por um lado trouxe a oportunidade de repensar o modo de vida, o modo como vivemos em famÃlia, como cuidamos de nós e do outro e de nossa casa e quanto somos solidários. Estamos aprendendo a dar valor ao que é de valor: as conversas, o contato, o olhar, o toque. Devemos entender nesse momento que enfrentamos uma pandemia, que muito mais importante que preenchermos o dia de nossas crianças com tarefas do dia a dia, jogos e entretenimentos diversos, é que possamos trazê-las para perto do aconchego da famÃlia. Acrescentar ao conceito de educar em casa, a formação humana de forma ampla e não apenas do ensino. Desenvolver junto todas as tarefas, que antes eram delegadas a terceiros como cozinhar, arrumar a cama, pendurar roupa etc. Entender que as crianças brincam com situação, são criativas e transformam por vezes o vÃrus que mata em boneco ou brinquedo. É preciso nesses tempos conviver muito, fazer a vida em comum acontecer e despertar o prazer de viver. Não ignorarmos a tristeza e convivência com a morte, pois as crianças sentem as perdas afetivas, a morte dos mais velhos, é necessário conversar sério sobre as aflições que temos. Enfim diga ao seu filho, neto ou sobrinho que nenhum lugar do mundo é melhor ou mais seguro que a sua casa. E diante de tantas perdas, da morte e do sofrimento de milhares e milhares de pessoas, desperte na criança os valores da vida, a agradecer todos os dias por estar vivo, ensine-os a amar e ter esperança, acreditar na humanidade e em um mundo melhor.â€
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Sou Virginia Abdalla, jornalista há mais de trinta anos. Ao longo desse tempo, assinei coluna social autoral, nos diários Jornal da Manhã e Jornal de Uberaba, trabalhando com conteúdo ético e abrangente. Espaço aberto para reportagens sociais e voltado também para comportamento, lifestyle, moda, cultura, gastronomia, ciências e tendências. Editei cadernos especiais de jornais e revistas, comandei programa de entrevistas em TV local e integro o quadro de colaboradores da publicação JM Magazine, sempre procurando destacar pessoas pelo seu talento e fatos pela sua importância transformadora.
Este é o foco do meu trabalho jornalístico, em prospecção para este Blog, on line desde 2012 - um novo e necessário caminho para fincar os pés no presente e tecnológico universo.
Sou graduada em Pedagogia pela Faculdade de Ciências e Letras Santo Thomaz de Aquino - com especializações no setor - e pós-graduada em Educação Latu Sensu pela Universidade de São Carlos. Empresária, mãe, avó, filha e mulher que eventualmente se permite expressar através de produções de arte sustentável.